terça-feira, setembro 27, 2011

Provérbios para a crise

Antigamente só havia crise. Muitos dos provérbios ensinam exatamente como lidar com a crise.


"Fui pedir ao meu vizinho e envergonhei-me. Fui para casa e rumediei-me [remediei-me]."


"Quem o alheio veste, na praça o despe."


(Quem se lembrar de mais, que os ponha aqui, como comment.)

"Guarda o que não presta, encontrarás o que precisas" - contra o desperdício.

"O trabalho do  menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco"  - (Trabalho infantil?)

Sugerindo, talvez, a emigração:

"Há mar e mar, há ir e voltar"

E o indispensável saber:

"À terra onde fores ter, faz como vires fazer"

Que transmite a mesma ideia do aforismo:

"Em Roma, sê romano"


segunda-feira, setembro 26, 2011

Nem nas Telenovelas Brasileiras: A Mulher Ketchup

Em  Pindobaçu, em plena Chapada Diamantina, na Bahia, mora Virlan Anastácio, casado com Iranildes Araújo, conhecida por Lupita. São muito felizes, embora ele tenha tido uma amante chamada Nilza, a Galega.
Esta  Nilza Galega, que o amava muito, mandou matar a Lupita. Contratou, para isso, Carlos Roberto de Jesus, um jagunço.
Quando o jagunço ia cumprir o dito, matando a Iranildes, descobriu que eram amigos de infância e que não seria capaz de a matar. Mas queria o dinheiro, mil reais, perto de 400 Euros.
Que fazer? Combinou com Lupita fingir que a tinha assassinado, dando-lhe metade do dinheiro. Encharcou-a em Ketchup, meteu-lhe um facalhão debaixo do braço e tirou-lhe uma fotografia deitada no chão do quintal. Depois foi só receber o dinheiro e dar-lhe uma parte: não metade, como combinado, mas algum.


Muito feliz, Nilza Galega foi a um forró esperando encontrar-se com o amante viúvo, mas qual não é o seu espanto, encontra-o a dançar agarrado à legítima. Iranildes aproxima-se e começa a gozar com ela, fingindo ser um fantasma, ao que a Galega responde: "-Fui roubada". Tão desorientada ficou, que foi fazer queixa à polícia.


Iranilda, dita Lupita, torna-se mundiamente famosa como mulher Ketchup, bem como a localidade de Pindobaçu.
Cenas dos próximos capítulos: irá Lupita tornar-se política? Irá enriquecer com a fama?


VEJA AQUI



sábado, setembro 24, 2011

Educação e... facilitismo



Ver a partir de: o minutos, 25 segundos e até 3 minutos.

Se nos impressiona pela falta de proteção e excessivo esforço, é caso para pensar se as nossas não têm demasiada proteção e não são cada vez mais dispensadas de qualquer esforço. 
Este ministro da educação parece que pretendia exigir mais, mas os danos das anteriores sinistras ministras são irreversíveis. Conheci crianças que andavam 7 Km a pé para irem a um colégio privado, algures no Norte de Portugal e no século passado. O aproveitamento era fraco, como deve ser o destes miúdos.
Reflitamos: não se terá passado dum extremo ao outro?

Mostrar às crianças  e jovens que passam a infância e juventude a roçar o fundo das calças pelas cadeiras das escolas gratuitas, este e outros vídeos, alguns livros... que dão conta de situações como esta. Também existiam na Europa, no passado, mas nunca tão dramáticas, que eu saiba.

Mas nem tudo corre bem, neste país, nesta terra cheia de "buracos". Alguns buracos são ainda piores do que o buraco do Ozono, ou, como diria Hermano José, piores que o buraco do azoto...

quinta-feira, setembro 22, 2011

Cavaco e as vacas


Cavaco Silva adora tornar-se anedota por dizer coisas parvas a respeito das vacas. Em 2008 ficou maravilhado, extasiado e mesmo babado por ver as vaquinhas a serem ordenhadas por um robô, com um ar muito satisfeito.
Agora nos Açores, interrogado sobre a dívida da Madeira, o buraco no orçamento de que tinha conhecimento há séculos, afirma que reparou  "no sorriso das vacas, que estavam satisfeitíssimas, olhando para o pasto"
“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto".
Tal como Ulisses, é um presidente-rei "facundo" (ou seja, eloquente), não há dúvida.
Há dois posts neste blogue que atestam isso mesmo e que têm às vezes muita procura, com discursos fantásticos que fez. 


VER AQUI


E AQUI




Se ainda ao menos fosse irónico... mas não é! Só às vezes...
Esta descrição das vacas deliciadas, o que é que faz lembrar? A mim, não me faz lembrar nada.

Impostos

Parece que o sistema de aumentar os impostos de forma abrupta não está a dar resultado nenhum, o Estado, em vez de receber mais impostos recebe menos, dado que as pessoas cada vez compram menos. Era de esperar, não conseguiram prever isto?
Mas há algumas situações que poderiam ser bem diferentes. Por exemplo: o estado não comparticipa as medicinas alternativas, que nem podem ser descontadas nos impostos. O resultado é óbvio: há médicos que levam uma fortuna de consulta, mas não pagam um cêntimo de imposto. O que inclui os produtos que vendem...
No fundo, o problema é que só alguns pagam impostos.


quinta-feira, setembro 15, 2011





Vik Muniz é um artista plástico que utiliza diferentes materiais. Utilizou, por exemplo, centenas de pequenos diamantes para elaborar o retrato de Elisabeth Taylor. Mas não pensem que só utiliza materiais nobre. A sua última obra, pela qual recebeu o prémio da quarta edição dos Green Project Awards, é constituída por fotografias montadas com lixo a partir de retratos de coletores de lixo... 
Para isso, esteve dois anos na maior lixeira do mundo, o "Jardim Gramaxo"no Rio de Janeiro.


Recebe hoje mesmo o prémio, em Lisboa, na Culturgest, e o vídeo será em breve vendido com o Jornal Público, aqui em Portugal.

Petição contra a destruição dos oceanos

Não tenho agora tempo para traduzir esta petição contra a destruição dos oceanos.
se consegue entender, assine aqui

https://secure.avaaz.org/fr/stop_ocean_clear_cutting_fr/?rc=fb

quarta-feira, setembro 14, 2011

Em quem acreditar?

Hoje, logo na primeira página, o Jornal Público propagandeia que a Troika não quer mais aumentos de impostos, enquando a primeira do DN afirma que o FMI exige novos aumentos do Iva.
Acontece o mesmo em relação à atitude que a opinião pública  alemã teria sobre as ajudas aos países periféricos: uns dizem que estão contra a Merkel porque ela quer ajudar, outros que estão contra porque não ajuda o suficiente. 

E ainda hoje vem esta notícia: 50 por cento dos alemães é a favor de um novo fundo de assistência financeira aos países em dificuldades

As diferenças não costumavam ser assim tão grandes: entre uma coisa e o seu contrário...



terça-feira, setembro 13, 2011

Fotografias Pinhole: Camilla Watson,

Pinhole quer dizer buraco de alfinete. Pois é possível tirar fotografias com uma caixa, ou mesmo uma lata que tenha um furinho (pinhole). Coloca-se dentro um papel fotográfico, revela-se, põe-se a secar e pronto.
No Largo do Trigueiros, o Festival todos ofereceu esta experiência a quem conseguiu encontrar o sítio.


Só os estrangeiros para se integrarem bem no espírito de Lisboa. Este espelho posto na rua desta loja de dona estrangeira, de artesanato, está perfeitamente de acordo com a falta de privacidade da roupa a secar nos estendais, ao mesmo tempo que reflecte a bela luz, característica essencial da cidade. E é fotogénico. Nadinha fotografando na foto.



Juro que tirei esta fotografia, só com esta caixinha! Mas ainda está em negativo. Não sei fazer o resto. Nem sei se vale a pena. As impressões digitais não são minhas.



Uma fotógrafa, Camilla Watson, que no festival do ano passado resolveu guarnecer uma rua com as fotos dos seus moradores velhos, como diz na penúltima imagem, (é mesmo o festival de todos), este ano ofereceu isto. Uma experiência com fotografia pinhole.


VER AQUI página da fotógrafa Camilla Watsom Clicar por Cima

segunda-feira, setembro 12, 2011

Festival Todos e fotografias Pinhole: Camilla Watson,







O difícil foi encontrar o largo dos Trigueiros. Primeiro fui de táxi até outro sítio qualquer, depois fui a pé por ali acima, depois por ali abaixo, vira à direita, vira à esquerda, é ali, não era, é acolá, também não é, até que o encontrei. E afinal ficava a poucos metros do Martim Moniz, uma das praças centrais da cidade, subindo muitas escadinhas, que em Lisboa também são consideradas ruas.
Foi assim que cheguei lá: depois conto o resto. 
Reparem nas fotografias na parede da última rua.

domingo, setembro 11, 2011

Lisboa Festival Todos







Este Festival Todos realiza-se todos os anos desde há 3 ou 4 e pretende mostrar todos. Mas todos mesmo. Os emigrantes que são hoje uma parte importante da população de Lisboa e que têm muito a dar em termos culturais,  bem como a receber, os velhos de Lisboa, os novos, enfim... todos. Como veremos no próximo post. como se vê na foto: emigrantes, turistas, nativos... e a fanfarra indiana JAIPUR MAHARAJA BRASS BAND. uma banda muito alegre e animada, levava tudo atrás. Incluindo a Nadinha.

Rua Arco de Jesus

Este senhor pediu-me que lhe tirasse fotografias e que lhas enviasse. Como não sei a direção, a não ser que seja Rua Arco de Jesus 5 A, coloco-as aqui.

Esta rua fica no "Arco" de Judas, ou onde Judas perdeu as Botas, mais exatamente, fica por trás da Sé.

Por favor, não leiam o nome desta pracinha, na Mouraria





Por favor, não leiam o nome desta pracinha, na Mouraria. É chato.
Depois ponho outra rua, também para não ler o nome.
Também de jardim não tem nada, duas árvores, umas cadeiritas, um candeeiro... como terão ido lá parar as cadeiras? Mas tem um ambiente muito familiar. Quando perguntei como poderia ir para o largo dos Trigueiros, indicaram-me tudo mal, mas com muita simpatia. É para a os lados da Mouraria.

O Porto de Nova Iorque em Directo

Aqui se pode ver o porto de Nova Iorque em Directo. Vi o nascer do sol e o amanhecer nessa cidade, sobre o mar, sem sair da minha casa, em Lisboa. Podemos mesmo saber quais são os navios que entram e que saem, pelo esquema colocado por baixo do vídeo..

AQUI: NY Harbor Webcam

Se quiser saber se é dia ou noite noutro local do globo, poderá ver 


AQUI

É o sitemeter deste blogue e, portanto, inclui as partes do mundo que mais o visitam com uma bola verde e  a parte do visitante mais recente, com bola vermelha: você, claro.

sábado, setembro 10, 2011

TERRA IMUNDA!




Todos os dias, deste meados de Julho, estes homens arrancam e voltam a colocar estas pedras no chão, sempre no mesmo sítio. Aqui. Depois vem uma máquina trepidante, provoca um efeito semelhante a um terramoto, cai tudo o que esteja em prateleiras ( acabar com as prateleiras ? Pouco modernas?)? Logo a  seguir, sobram peças: forma-se uma pirâmide de pedras que sobraram.
Chato...

A ideia era substituir o asfalto por estas pedras, que deixam a água da chuva infiltrar-se, ao passo que o asfalto provoca um rio de água pela estrada abaixo. Ideia boa. A ideia de fazerem a obra durante o mês de Agosto, em que há pouco trânsito na cidade de Lisboa, também era boa. Muito boa! Mas não sabem fazer a coisa. Chato! OH!

Privacidade no tempo da Morgadinha dos Canaviais

Prometi continuar a falar aqui sobre o livro A Morgadinha dos Canaviais. Trata-se de um romance campesino, subgénero literário criado pela francesa George Sand. Sim, aquela que se disfarçava de homem e que teve relações amorosas com escritores e com o Lizt. E que escreveu magistrais romances campesinos.
O nosso Júlio Dinis também. O campo surge neste tipo de romance como algo de idílico, opondo-se à corrupção e artificialismo da cidade, tópico tratado na poesia desde os antigos romanos, como o poeta Horácio.
Vejamos o que noto sobre a privacidade, neste livro em que o campo é idílico e em que todas as pessoas são muito boas, como em todos os romances do autor.

O mestre escola (professor primário) percorre a aldeia à procura dum certo homem. Supõe que deve estar em casa de um outro, dirige-se para lá e ouve falar. Entra, percorre a casa, (respeitando o quarto conjugal que está tapado com uma cortina) e vai até à cozinha, onde encontra o dono da casa, embriagado, a falar sozinho. Pergunta-lhe por que está a falar sozinho e o que está a dizer. O homem explica que a esposa deu em "beata", anda atrás dos missionários e o "caldo está na horta", ou seja, os produtos para fazer o caldo ainda estão na horta, quando o caldo devia estar pronto.

Outro caso de privacidade: ler cartas faz parte da educação das crianças. A família da Morgadinha entrega várias cartas ao mestre escola para que ele escolha as mais adequadas para as crianças da família lerem. Pouco depois, ao chegara  casa, encontra outro professor que o aguarda na sala enquanto ele "janta" (almoça). Assim que se vê sozinho, o indivíduo abre a pasta, tira as cartas, lê-as e leva uma. Ninguém dá pela falta, claro e não sei o que acontece depois, pois não me lembro e ainda vou antes do meio.
A primeira vez que li, vivia eu na província e tudo me parecia quase igual ao descrito no livro. Agora...


E ainda falam da falta de privacidade da net!

quinta-feira, setembro 08, 2011

A Morgadinha dos Canaviais: Como de repente e em pouco tempo tudo se estragou???!!!

Estou a ler, com entusiasmo e alegria, A Morgadinha dos Canaviais. Pela nostalgia do campo.
A primeira vez que li e talvez mesmo a segunda, eu vivia no campo e o campo era assim. As descrições coincidiam, embora com um século de atraso. Bom ou mau, era assim.

Agora os campos estão ao abandono. Não existem quase diferenças entre o campo e a cidade. E gosto de imaginar um passado futuro em que os campos eram cultivados, em que a natureza era intacta, em que as pessoas viviam as horas de Deus, as horas do mundo, o tempo da natureza. Rezavam para adormecer, quando a noite caía, acordavam com o sol.
Continuarei a falar sobre isto e vou citar excertos da obra que me encantam.

Como de repente e em pouco tempo tudo se estragou???!!!

Democracia

Agrada-me ouvir figuras de relevo do PSD a criticar o Governo PSD.
Era o que faltava aos governos de Sócrates. Diziam todos o mesmo. 
Falei nessa época com vários deputados do PS. Eram todos contra o primeiro ministro, mas não eram capazes de dizer uma palavra em público.
Apesar dos pesares, ainda prefiro este governo ao anterior. Mil vezes.
Embora me pareça desastroso que se faça tantos cortes nos ministérios sociais e nos rendimentos das pessoas, que assim ficam sem poder de compra... mas isso começou no governo anterior.

terça-feira, setembro 06, 2011

Filme Uma flor no deserto



Agora que muitas pessoas desistiram do Telecine, por causa da crise, finalmente começam a  passar filmes bons, tal como acontecia quando aderi. Filmes não necessariamente comerciais.
É o caso do que referi no post anterior e também de Uma Flor no Deserto. Narra a história da modelo Waris Dirie, da Somália, que foi excisada aos três anos.
Ficou também conhecida por ter sido a primeira pessoa a denunciar a excisão (mutilação genital feminina). É agora representante das Nações Unidas.
Esta mutilação faz-se hoje em dia nas nossas barbas, na Europa e nos Estados Unidos.


sábado, setembro 03, 2011

Filme Ondine



Vi agora na televisão, Tevecine, um filme lindíssimo, de grande beleza plástica, em que a realidade e a fantasia se entrelaçam de forma invulgar.
É quase todo filmado no mar ou nas margens. A música, de Sigur Ros (minuto 3:30), faz pensar no canto das baleias ou dos golfinhos.
Chama-se Ondine, é de 2009, realizador Neil Jordan e  a ficha técnica está aqui:
CLICAR
Resumindo: narra  a história de um pescador irlandês que pesca uma mulher na rede e acredita, ele e a filha doente, que se trata de uma "selke", uma ninfa do mar irlandesa.

sexta-feira, setembro 02, 2011

O Tigre Branco





Está na moda este autor, que ganhou o Booker Prize, exatamente com este livro, O Tigre Branco: Aravind Adiga.
A obra apresenta um retrato da Índia bem diferente daquele que imaginamos e que é simultaneamente exótico e místico. 
Surge-nos uma Índia terrível, imunda, corrupta, em que o crime e a miséria se relacionam de formas perversas, variadas e estranhas. Para só dar um exemplo, os ricos levam os pobres a assinar confissões em que assumem as culpas dos seus crimes. Por dinheiro e por medo de retaliações sobre toda a família. 
O vício de mascar um produto vermelho e cuspir por todo o lado uma saliva vermelha é constantemente referido.

Não deixa de ser curioso e mesmo irónico, que sejam estes autores indianos a ganharem os prémios da  escrita em língua inglesa. No fundo, sente-se neles a nostalgia da Inglaterra, país considerado civilizado. E sabemos todos do que dependem os prémios. Sendo uma avaliação, está dependente dos conceitos e preconceitos dos avaliadores.

Acontece o mesmo com os livros de Arundhati Roy, que também ganhou esse prémio com O Deus das Pequenas Coisas. É também um retrato desencantado da miséria, da segregação de castas, da imitação do Ocidente. Neste caso, a escritora é considerada anti-globalização, mas, depois de ler estes livros, somos levados a perguntamo-nos qual é o problema da globalização... quando o tão imitado Ocidente não tem problemas destes...

Se o que a Índia tem de tão estranho, invulgar e místico nunca é referido, a não ser como caricatura... sobressai nestes livros a luta entre religiões e o desprezo entre castas.